Isso mesmo, você não leu errado! Se você ficou curioso, venha comigo que eu te explico.
Você que possui um estabelecimento comercial ou de prestação de serviços, sabe que não é fácil atrair novos clientes, mantê-los fidelizados e consequentemente aumentar seus lucros no final do mês.
O design de interiores pode te ajudar nessa árdua tarefa e vou te dizer como.
Dentro do design de interiores temos um campo denominado design sensorial. Nele o projeto de interiores é elaborado de forma que os cinco sentidos - tato, olfato, paladar, visão e audição - sejam estimulados.
Cada um desses sentidos pode ser aguçado de forma direcional, através dos elementos utilizados no ambiente. Tecidos, revestimentos, plantas, objetos decorativos, enfim, inúmeras são as possibilidades e os resultados que podem ser atingidos.
No design sensorial, todo material adicionado ao projeto tem uma finalidade específica, pois transmite sensações àqueles que usufruem do espaço. Texturas por exemplo, presentes nos tecidos ou na própria madeira podem trazem aconchego e conforto, mas também podem transmitir frieza ao toque, como no caso das pedras de mármore e granito.
As cores são o elemento de mais fácil utilização dentro de um projeto, porém muitas vezes não considera-se o efeito que elas causam nas pessoas. É cientificamente comprovado que todas as cores afetam psicologicamente o comportamento das pessoas. Tons de vermelho, por exemplo, podem aguçar o apetite, o amor e paixão, mas em excesso estimulam a agressividade. Essa influência acontece com todas as cores e são tanto positivas quanto negativas se em excesso.
Outro exemplo, fácil de ser percebido, refere-se à música. A variedade de estilos e ritmos é imensa, porém o público que se interessa por um, dificilmente se interessa por outro que seja muito distinto.
Importante lembrar que cada pessoa reage de forma única aos estímulos que captam de um ambiente sendo assim, o que para uns é agradável e relaxante, para outros poder ser incomodo e estressante.
Desta forma, vale ressaltar que para que um projeto sensorial seja eficaz, é necessário amplo estudo do objetivo a ser atingido e a atmosfera desejada. Deve-se levar em consideração várias vertentes, dentre elas o público que o frequentará e os materiais que serão utilizados para atingir esse propósito.
Aliado ao design sensorial, temos o marketing sensorial, também conhecido como brandsense. De acordo com pesquisas, foi criado na Inglaterra e chegou ao Brasil por volta de 1990. O marketing sensorial trabalha no subconsciente dos consumidores a fim de afetar suas decisões de compra, tendo como objetivo criar um elo emocional entre cliente e marca.
Nos dias atuais, vemos que as pessoas não adquirem um produto apenas para consumo, elas estão interessadas na experiencia que ele poderá proporcionar. É nesse ponto que entra o design de interiores.
Ambientes instagramáveis projetados de forma criativa e com objetivo bem definido, podem aumentar a renda de sua empresa. No site Portal IBC, encontramos relatos de empresas que ampliaram seus negócios utilizando esses recursos. Abaixo transcrevo três exemplos, porém para maiores dados você pode clicar aqui.
Nutty Bavarian
Famosas por suas nuts glaceadas, a Nutty Bavarian foi criada em 1989 por John Mauter, que se encantou com o sabor dessas delícias em uma de suas viagens à Bavária, na Alemanha. Ele gostou tanto do petisco que resolveu fazer da sua paixão pelas nuts glaceadas um negócio, criando a famosa marca no mercado. No Brasil, o primeiro quiosque da Nutty Bavarian chegou em Campos do Jordão, em 1996.
E como a Nutty Bavarian utiliza o marketing sensorial? Pelo olfato. Em uma pesquisa feita pela própria empresa, com 300 consumidores, foi identificado que 66,77% dos clientes se sentiram motivados a comprar o produto após sentir o cheiro dele. Detalhe importante: para proporcionar uma experiência sensorial ao seu público, a Nutty Bavarian não utiliza essências ou aromas especiais: o cheiro é das castanhas que acabaram de sair do forno.
Quem conhece ou já teve a oportunidade de sentir o cheiro das castanhas quentinhas saindo do forno, ao realizar um breve passeio pelo shopping, por exemplo, onde os quiosques da marca estão localizados, em sua maioria, sabe que se trata de algo realmente maravilhoso e atraente.
Lacoste
Fundada por René Lacoste em 1933, a Lacoste possui mais de 2500 pontos de vendas espalhados no Brasil e no exterior. Pensando em ampliar a experiência sensorial de seus consumidores, a empresa fez da audição uma aliada neste processo. Por meio da criação de uma trilha sonora harmônica com a história da marca e com sua identidade, a Lacoste criou um ambiente possível de ser sentido por quem vai em uma de suas lojas. O resultado? Uma experiência sensorial completa, pois o cliente sente o que é a Lacoste e isso reflete positivamente nos índices de venda.
Além disso, em 2011 a marca lançou a Lacoste L!ve, linha voltada para o público mais jovem, entre 15 e 25 anos, que mistura o estilo original que a própria Lacoste já tem, com as artes de rua espalhadas pelos grandes centros urbanos ao redor do mundo.
Para atrair este tipo de consumidor para suas lojas, com o intuito de conhecerem a nova linha, a empresa apostou mais uma vez no marketing sensorial, investindo em um ambiente mais descontraído, com uma decoração que substituiu os tradicionais manequins, dando lugar a painéis magnéticos, araras giratórias, adesivos coloridos no piso, que remetem à uma quadra esportiva, equipamentos eletrônicos e até mesmo mesas de pebolim para oferecer a seus clientes um ambiente de pura diversão, com o objetivo de fazer com que os mesmos sintam que estão em qualquer outro lugar, menos em uma loja de roupas escolhendo, experimentando, fazendo compras e gastando dinheiro.
Dunkin’ Donuts
A empresa norte-americana, Dunkin’ Donuts, conseguiu um feito verdadeiramente extraordinário através do marketing sensorial. Especializada em rosquinhas e café, a marca, em um de seus cases mais conhecidos mundialmente, instalou nos ônibus da capital da Coréia do Sul, Seoul, um dispensador de aroma com o cheiro dos seus cafés.
Todas as vezes que passava alguma de suas propagandas na rádio do ônibus, o dispensador era acionado, o olfato das pessoas que estavam no transporte era instigado e elas podiam sentir o cheirinho do café da empresa, criando, com isso, uma forte conexão e lembrança da marca.
O resultado foi um aumento de 29% das vendas do café feito exclusivamente pela Dunkin’ Donuts.
Esses são ótimos exemplos de como o marketing sensorial funciona. Imagine agora associá-lo ao design sensorial e criar a loja mais envolvente, o bar mais incrível, a sala de espera mais relaxante, enfim, criar atmosferas que marquem seus clientes e reverta experiencias em lucro.
Um sonho a ser realizado! Se esse é seu objetivo e se é isso o toque que falta para alavancar suas vendas, conte com o design de interiores para isso. E só mais uma coisinha bem importante: para fazer funcionar não é necessário grandes mudanças ou projetos milionários. Pequenas alterações, porém, efetivas e conscientes podem fazer a diferença nos seus negócios.
Heloísa Spereta
Designer de Interiores
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